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Espelhamento

Foto do escritor: Claudia Vilas BoasClaudia Vilas Boas

O mundo que conhecíamos está passando por profundas transformações.

Tudo está sendo limpo e peneirado.

Há uma evidente polarização que se estende a todos os níveis de nossas vidas.

Todo setor é afetado em alguma medida, tanto o físico, quanto o emocional e também o espiritual.

Qual nossa luta diária? Encontrar o caminho do meio.

Conseguir obter equilíbrio em meio ao caos é uma tarefa que em alguns momentos nos parece impossível.

E entre muitas tentativas e vários acertos vamos evoluindo um pouquinho a cada dia.

Um exercício que tem me auxiliado nessa trajetória é o espelhamento.

Antes de explicá-lo vou fazer aqui um esclarecimento.

Já escrevi sobre o termo “julgamento” e como ele foi absolutamente deturpado. Sempre que as pessoas ouvem a palavra julgamento, imediatamente a associam a algo negativo. Contudo, na minha visão, o julgamento nada mais é do que o resultado da análise de um fato ou situação.

Desta avaliação podem surgir resultados positivos ou negativos.

Se negativos o que emitimos é uma condenação, crítica, rejeição, repulsa, entre outras possibilidades.

Se positivo, poderá haver uma aprovação, admiração, empatia, elogio e também muitos outras conclusões.

Pois bem, dito isso, voltemos ao espelhamento.

Diante desse caos e das situações absurdas que mais parecem um filme de ficção, nossa primeira reação é de condenar o que está oposto a nós.

E é aí, que faço as devidas análises e concluo meus julgamentos.

Tento imaginar como, por exemplo, uma pessoa que entendo estar totalmente errada, em um polo oposto, vê a mim.

Na maioria das vezes percebo que a visão dela sobre mim deve ser muito próxima da que eu tenho dela. Pois a nossa visão de mundo é absolutamente inversa, como em um espelho.

Isso torna as experiências mais leves. Entender as escolhas alheias, mesmo que não as aceitemos tira o peso do amargor.

Em muitas vezes percebo que já estive naquele lugar, mas escolhi sair. E que, se alguém me dissesse as coisas que falo e compreendo hoje, eu certamente iria achá-lo doido e fora da casinha.

Fora da casinha eu não estou, mas fora das caixinhas é onde tento me manter num exercício diário.

A principal caixa da qual me livrei e que me permitiu tantos avanços conscienciais foi uma que, antigamente costumava estar nas salas de todos os lares, e que hoje já se espalhou por todos os cômodos, hipnotizando e controlando sua plateia.

Percebo hoje, que esse foi o início da jornada de autoconhecimento de muitos.

Desta forma, embora muitas vezes refute a visão e escolha do outro, não mais a condeno.

Se houver oportunidade de um diálogo, ele deve ser estabelecido, mas se gerar algum conflito, simplesmente deixe para lá, silencie e deixe o tempo agir.

Esse exercício tem me deixado mais centrada e menos incomodada com a verdadeira bagunça que me rodeia.

Haverá casos em que não teremos como fazer tal espelhamento, uma vez que estamos em meio a situações e pessoas tão surreais que não há como tentar se colocar naquele lugar. Não há, então, porque perder tempo com isso.

O exercício visa nossa melhora e equilíbrio, e o foco é também contribuir para a harmonia do que nos cerca.

Então, arregacemos as mangas, e façamos nosso trabalho sem nos importarmos tanto com os demais. Cada um terá o retorno no seu devido tempo.

Cuidemos do plantio, pois a colheita é certa.

#pracegover #paratodosverem ilustração da imagens opostas de um mesmo rosto, separadas por uma rua de ladrilhos brancos e pretos, ladeada por vários prédios em tons de cinza. Os rostos tem cores diferentes, sendo uma imagem multicolorida e a outra em tons de cinza e azul. Em meio à rua e diante de um espelho está parada uma mulher que observa as imagens.


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