Superficial
- Claudia Vilas Boas
- 28 de nov. de 2024
- 3 min de leitura
No texto anterior falei sobre mergulhar em nossas profundezas para descobrir quem realmente somos. Hoje trago uma reflexão sobre o oposto.
Sobre se manter na superfície tanto em relação a nós mesmos como nos relacionamentos em que estamos envolvidos.
Se observarmos os relacionamentos saudáveis e felizes perceberemos que eles têm como base o respeito e a admiração, que são o sustentáculo do amor.
E não me refiro apenas a relações amorosas, mas a todo tipo de vinculo afetivo, como familiar e de amizade.
Contudo, o que vemos com frequência nos tempos atuais são relações pautadas em superficialidades.
Muitos baseiam suas escolhas apenas na aparência, outros na posição social, fama, poder ou posses materiais.
Dessa forma, vínculos emocionais verdadeiros, via de regra, não são constituídos. O que se percebe de fato, são meras sociedades ou relações quase comerciais, onde há uma troca de interesses.
Cada um tem a opção e direito de escolher como viver a própria vida, e não se trata aqui de fazer qualquer tipo de julgamento, mas refletir sobre os rumos que parte da humanidade vem tomando e sobre a responsabilidade das influências.
Em tempos de redes sociais muito do que vemos é apenas uma maquiagem perfeita de uma vida desfigurada.
Infelizmente essa fachada acaba iludindo e seduzindo muitos incautos, que não conseguem perceber a armadilha.
Isso faz com que se despreze o verdadeiro ouro, que em muitas vezes se apresenta na forma bruta e pura, para valorizar bijuterias reluzentes, que perderão a cor e o brilho com o tempo.
Se deixam seduzir pelo ouro do tolo.
Em razão disso é muito comum assistirmos a tantos tipos de relacionamentos tóxicos, onde o ciúme e a desconfiança dão o tom.
Há uma exposição exacerbada da vida “feliz e perfeita” nas fotos e vídeos, enquanto nos bastidores ocorrem conflitos desnecessários, até por meras curtidas em redes sociais.
Como dizem, tem algo errado aí que não está certo. E penso que é a vida em superfície, é a falta de profundidade.
Há uma falta de fé, em si mesmo e no outro.
Quem não conhece a si próprio, não se ama o suficiente, irá buscar isso em outros, viverá a base de validações alheias.
Não há como permanecer o tempo todo na superfície, o cansaço exigirá o necessário mergulho em algum momento.
Há uma frase que gosto muito, que diz que quem não for um bom ímpar, jamais será um bom par.
E um bom par se faz através da união de pessoas inteiras, que respeitam e admiram a si próprias e por isso conseguem perceber o valor dos que o rodeiam.
Esse tipo de superficialidade se estende hoje também aos laços familiares, onde vemos tantos pais preocupados em parecerem bons pais esquecendo de realmente sê-los. Trocam a responsabilidade de cuidar, orientar e ser uma base sólida, pelos elogios e opiniões a respeito de uma falsa virtude.
Em razão disso, o que vemos é a fragilização das gerações através do tempo.
Hoje há até várias classificações, geração Z, Millenial, X, onde a imaturidade e desequilíbrio emocional segue uma ordem crescente.
Quantas famílias são perfeitas nas redes sociais, embora vivam em lares disfuncionais. Em frente às câmeras todos se amam e sorriem felizes, mas assim que a cena é gravada, cada um se isola em suas próprias telas a conferir o resultado da encenação. Quantos likes? Quantas visualizações? Quanto rendimento?
Já passou do tempo de sairmos do virtual e voltarmos para a vida real.
Não quero dizer que a evolução digital não tenha sua importância, ela tem sim e muito. Através das redes e plataformas, pudemos acessar informações, perceber as manipulações e nos libertarmos. Reencontramos pessoas e conhecemos outras incríveis. Contudo, precisamos extrair o melhor de tudo isso, explorar o lado bom e não nos deixarmos escravizar.
Como tudo na vida, o equilíbrio é a chave para se viver de forma plena e feliz.
É tempo de refletir em qual profundidade estamos seguindo nossa jornada, que tipo de relações estamos construindo.
Vamos nos manter boiando na superfície ou aprender a nadar?
E é esse questionamento que deixo como proposta ao final desse texto.
#pracegover #paratodosverem imagem de uma mulher de cabelos longos esvoaçantes, vestido longo de tecido leve, bordado com delicadas flores, entrando em um lago de águas escuras no interior de uma caverna iluminada com luzes douradas.

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